Dois anos de gestão empresarial agravaram problemas
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) foi a primeira do país a contratar a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para administrar o Hospital Universitário da instituição. Com a promessa de melhorar o funcionamento, a Empresa desde janeiro de 2012 passou a comandar o hospital. Passados quase dois anos, o cenário da unidade hospitalar beira o caos.
Não é seguro internar um paciente no HU, frisa o presidente da Medicina Intensiva Brasileira da Regional Piauí, Kelson Veras. Ele denuncia a situação de precariedade do hospital. Em virtude das péssimas condições de trabalho, da falta de estrutura para atender os pacientes e demais problemas, uma auditoria feita pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS, comprovou que a Ebserh não implementou os serviços previstos no plano contratual.
Abandono das UTIs
A falta de estrutura nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) é outra situação que incomoda a diretoria e os profissionais do HU. Atualmente há vinte UTIs, mas apenas dez estão funcionando. Enquanto isso, o hospital está lotado com pacientes em macas nos corredores.
A péssima administração da Ebserh tem ultrapassado as questões financeiras. Segundo denúncia dos funcionários, o problema no hospital não é financeiro, já que o SUS repassa para o HU o valor de R$ 2 milhões por mês.
O presidente do Sindicato dos Docentes da UFPI, Mário Ângelo Sousa, que acompanhou o processo de adesão da universidade à Ebserh, confirma os graves problemas ocasionados por esta gestão hospitalar. Sousa resumiu o caos exclamando: o hospital simplesmente não funciona.
Para Rondon de Castro, presidente da Sedufsm e diretor do ANDES-SN, o hospital do Piauí é o retrato claro de que tudo que se propagandeia sobre a Ebserh é uma grande falácia. Ao contrário disso, destaca ele, comprova que o hospital público ao ser administrado por empresa de direito privado não garante atendimento de qualidade, público e gratuito.
Insatisfação
Diversos protestos, inclusive organizados por médicos, têm enfatizado a falta de estrutura no hospital para atender pacientes. Os médicos chegaram a ameaçar um pedido de demissão coletiva. Alguns profissionais não descartam entregar os cargos a qualquer momento devido às condições de precariedade. A crise com um hospital administrado pela Ebserh não se restringe à unidade de Piauí. Em outras universidades também tem sido denunciado problemas.