Em lembrança aos 64 anos da Ufes, foi realizada, nesta quinta-feira, 3, no Cine Metrópolis, em Goiabeiras, a conferência “Os desafios da educação superior pública no Brasil”.
A abertura do evento foi marcada por diversas falas em defesa da democracia – seja pela própria história da instituição que perpassou os anos da ditadura civil-militar no Brasil (1964-85); seja pela conjuntura atual, diante do golpe de 2016 e dos ataques aos direitos trabalhistas promovido pelo governo golpista. E também pela importância da luta em defesa da educação pública. Falas essas de representantes do DCE, da Adufes, do Ifes (Vitória), do próprio reitor e do sindicato.
O discurso lido pelo coordenador do Sintufes José Magesk (imagem abaixo) lembrou essas questões democráticas e da luta em favor da educação. Mas enfatizou os ataques à democracia (dentro da própria Ufes) promovidos pelo ‘rei’ da Universidade Federal do Espírito Santo.
“Recentemente, o reitor da Ufes, de forma arbitrária e monocrática, atacou a flexibilização da jornada de trabalho – de 30 horas, trazendo sérias complicações a nossa categoria, provocando inclusive a redução do horário de atendimento em ambulatórios do Hucam. A jornada de 30 horas é melhor opção para o funcionamento ininterrupto da instituição, além de ofertar mais qualidade de vida aos trabalhadores. Entendemos que quem atua para ‘defender e valorizar a instituição’ (objetivos previstos no estatuto da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – a Andifes) não pode tomar ações como esta, sobretudo sem aval do Conselho Universitário. O mesmo foi feito com o aumento abusivo do valor do bandejão do RU para estudantes, que têm que desembolsar R$ 10 reais/dia para almoço e janta na universidade em que estudam. Decisão tomada por ad referendum do reitor que vai na linha da falta de diálogo com o movimento estudantil”, criticou.
As críticas do Sintufes se estenderam a outros assuntos, como a baixa participação política dos técnicos nos espaços decisórios da Universidade e a entrega do Hucam à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, feita pelo ‘rei’ sem diálogo com a comunidade acadêmica.
O sindicato questionou, ainda, que as ações do reitor vão na contramão do que prevê o estatuto da Andifes. A referência ao documento da Associação foi feita porque, após a abertura, o presidente da Andifes, Emmanuel Zagury Tourinho, falaria sobre o papel política das universidades públicas. Tourinho, porém, em função de uma urgência familiar, não pode comparecer à conferência.
Com isso, foi realizada apenas a palestra do professor e assessor especial da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nelson Cardoso do Amaral. Ele falou sobre o financiamento das universidades federais no Brasil e no mundo. A íntegra da palestra pode ser conferida no Facebook da Ufes. Já as falas proferidas na abertura da conferência não foram postadas na rede social da instituição.
Vale salientar, ainda, a certa falta de prestígio da gestão da Ufes diante da comunidade acadêmica. Um público bem reduzido (composto basicamente por pró-reitores e diretores de centros) acompanhou o evento que integra as comemorações dos 64 anos da Ufes.