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“Temer é o governo terceirizado para arrancar tudo que a classe trabalhadora tem”

“Temer é o governo terceirizado para arrancar tudo que a classe trabalhadora tem”

Em palestra, professor da Unicamp, Ricardo Antunes, reforça, contudo, que essa fase será mais curta quanto maior for a luta e a resistência popular

Temer é o governo terceirizado para arrancar tudo que a classe trabalhadora tem. Porém, o enfrentamento popular a isso é o caminho para esse período ser mais rápido. (Essa fase) não vai parar. Mas não é eterna. Será menor esse tempo quanto maior for nossa resistência. Se todos nós lutarmos, em todas as esferas, essa fase vai ser mais curta. 

Esses são alguns dos argumentos do escritor e professor da Unicamp, Ricardo Antunes, proferidos durante o II Seminário de Estudos do Trabalho: seremos todos terceirizados? A precarização estrutural do trabalho, realizado nesta terça-feira, 22, no auditório Manoel Vereza, no CCJE, campus de Goiabeiras, em Vitória.

Antunes classifica Temer como um governo terceirizado, em função de seu caráter ilegítimo e do golpe jurídico/midiático com apoio do Congresso que o levou ao poder. E também pelo fato de ele, o Temer, ser o responsável por acelerar o processo de privatização dos serviços públicos, de congelamento de investimentos na saúde, na educação, previstos no programa do PMBD Uma Ponte para o Futuro, que nada mais é que uma cartilha do neoliberalismo que encontra eco na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55-2016. A PEC é uma aberração neoliberal, classificou. Ainda sobre o golpe, o professor explicou sobre uma oscilação da classe dominante do País.

O governo (Temer) nasce de um golpe. A classe dominante Brasileira sempre se manteve no poder oscilando entre o golpe e a conciliação. Este foi apenas um entre os outros golpes já realizados no País, alertou. Segundo o professor, o ex-presidente Lula foi um conciliador, já que atendia a interesses dos banqueiros, no entanto fortalecendo os programas sociais.

Para Antunes, apenas as lutas sociais, as ocupações, a organização dos movimentos sociais e sindicais, as paralisações são o caminho para essa fase (de aprofundamento do modelo neoliberal e de redução do Estado, precarização e terceirização dos serviços públicos) passar o quanto antes.

Terceirização

Em sua fala, o professor pontuou que a terceirização é uma forma moderna de escravidão. Ele lembrou que há 15 anos, o Congresso aprovou a terceirização das atividades meio, mas que com a aprovação do PL 30/2015 (antigo PL 4330/2004), as atividades fins serão privatizadas, mas que isso não vai significar em aumento do número de empregos e nem em direitos para os trabalhadores.

Falam que o projeto (30/2015) vai criar direitos para os terceirizados. Vai criar empregos. Mas é mentira. Você cria 12 milhões de empregos, mas desemprega 15 milhões, alegou o professor, explicando que com a terceirização as empresas podem reduzir o número de empregados, salários, aumentando a carga horária o que vai afetar diretamente a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

(O PL 30/2015) vai permitir que o negociado tenha mais força que o legislado, e isso vai arrebentar com a CLT, afirmou.

Comando Unificado 

Antes da palestra do professor Ricardo Antunes, a organização do seminário abriu os trabalhos, cedendo espaços para integrantes do Comando Unificado de Greve da Ufes.

O coordenador do Sintufes e integrante do Comando Local de Greve de Goiabeiras, Wellington Pereira, lembrou a luta da categoria contra a privatização e a terceirização do Hucam.

Há mais de 10 anos, nós falávamos que a entrada da Fundação representaria o fim do Hospital Universitário. Conseguimos impedir a entrada da Fundação, mas que depois se transformou em EB$ERH e aí que toda a comunidade universitária entendeu que lá atrás nossa luta estava certa, embora nós não tivéssemos tido todo esse apoio lá atrás e a Empresa Brasileira tenha se tornado uma realidade, recordou.

Já a integrante do Comando de Greve de Goiabeiras das/os docentes Juliana Iglesias Melim criticou o silêncio do magnífico reitor em relação às ocupações e à PEC-55. Esse silêncio mostra bem o lado que ele está, pontuou.

Afinal, o Conselho Universitário até aprovou moção contra a PEC-55, mas o reitor não mostrou seu posicionamento, como outros reitores o fizeram. Em relação às ocupações estudantis, reitores de diversos Ifes manifestaram suas posições em favor dos estudantes. Diferentemente do magnífico da Ufes.

O evento foi promovido Núcleo de Estudos sobre Trabalho (NET/Ufes), pelo Programa de Pós-Graduação em Política Social da Ufes, tendo apoio do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos (Nevi-Ufes). E integrou as atividades do Comando Unificado de Greve da Ufes desta terça-feira, 22.


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