A saúde brasileira está em frangalhos. Aqui no Estado não é diferente. A greve dos trabalhadores técnico-administrativos, iniciada no dia 11 de junho, luta pela não privatização dos hospitais universitários (HUs) e por melhores salários e condições de trabalho para os trabalhadores.
Se a situação é caótica no Hospital das Clínicas, o HU da Ufes, o caos atinge também a rede de hospitais filantrópicos/particulares, como o Santa Rita, a Santa Casa de Misericórdia, e até unidades que atendem 100% particular.
Um grupo de técnicos de enfermagem que atuam no Hospital Santa Rita, próximo ao campus de Maruípe/Hucam, em Vitória, protestava contra os baixos salários e a atual jornada de trabalho da categoria, na quarta-feira, 1º de agosto.
Já os trabalhadores técnico-administrativos na Ufes promoviam mais uma atividade da greve no Hucam. Foi aí que o Comando Local de Greve (CLG) decidiu se solidarizar com os técnicos do hospital filantrópico.
Os trabalhadores federais, junto a estudantes que estavam no ato no Hucam, foram até a Praça de Eucalipto e manifestaram apoio ao ato.
Vocês são muito corajosos, pois trabalham em uma empresa e não têm a estabilidade, mas não fogem à luta. Vocês estão de parabéns, merecem ter suas reivindicações atendidas, e por isso viemos aqui prestar solidariedade ao movimento de vocês, informou o representante do CLG, Wellington Pereira.
Ele ainda lembrou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que poderá administrar o Hucam, a partir de 2013.
O governo federal está começando a privatizar os hospitais universitários, que correm o risco de virar empresas como é o Santa Rita e a Santa Casa. Vamos ter a fila do público e a fila do particular, alertou.
O grupo ficou muito satisfeito com o ato dos grevistas da Ufes e retribuiu aplaudindo fervorosamente o apoio.
Menos que o mínimo
Se existe o salário mínimo, não deveria existir ninguém, com carteira de trabalho assinada, recebendo menos que os R$ 622, que correspondem ao mais baixo valor de remuneração que os empregadores podem legalmente pagar aos seus funcionários.
Porém, no setor de higienização do hospital filantrópico, há quem receba o salário bruto – e na carteira de trabalho! – de R$ 580.
Um técnico de enfermagem da mesma unidade hospitalar ganha R$ 763.
De acordo com a organização do movimento, as reivindicações da categoria são:
R$ 1.150 de salário para os técnicos;
15% de reajuste na remuneração dos demais trabalhadores;
jornada com escala de 10 horas de trabalho e 36 de folga;
Ainda segundo a organização, oito hospitais filantrópicos/particulares estão com suas atividades reduzidas em função da greve.
Não querem negociar, enquanto não negociar a greve continua, apesar das muitas ameaças das chefias, frisou uma das organizadoras do ato.