O Sintufes e a Fasubra marcaram presença na 7ª Marcha das Margaridas, que reuniu cerca de 100 mil mulheres do campo, das florestas, das águas e da cidade, em Brasília, nos dias 15 e 16 de agosto.
A marcha é considerada a maior manifestação política da América Latina, representando um marco na luta em defesa dos direitos trabalhistas, das mulheres e pelo fim da violência de gênero. Ela acontece em memória da trabalhadora e camponesa paraibana, Margarida Alves. Ela foi uma das pioneiras na organização sindical para trabalhadores rurais e a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
A diretora do Sintufes e coordenadora LGBTI+ da Fasubra, Luar Santana de Paula, e a filiada da base do sindicato e integrante do Conselho Fiscal da Federação, Janildes Inácio dos Santos, participaram da atividade.
“Com a participação de mais de 100 mil mulheres do campo e da cidade, a Marcha das Margaridas, que na última edição (em 2019) foi de resistência, este ano marchou pela reconstrução do país. A Carta de Reivindicações das Margaridas foi discutida por mais de 20 ministérios. No encerramento da marcha, o presidente Lula se comprometeu em atender as demandas apresentadas, já com a assinatura de portarias e decretos que pretendem garantir os direitos das mulheres do campo, das águas, da floresta e da cidade”, assinalou Luar.
A aposentada do Hucam Janildes esteve na marcha anterior, em pleno desgoverno Bolsonaro.
“Eu participei da Marcha das Margaridas em 2019, foi num momento político muito difícil. Mas nós estávamos lá, firmes e conscientes que teríamos uma grande batalha pela frente para fazer ecoar nossa voz. Este ano a marcha foi de muita esperança, confiança e fortalecimento para nossa caminhada que continua. Daqui há quatro anos teremos outra marcha. Margarida Alves, presente!”, acrescentou.
Heroína da Pátria
A trabalhadora Margarida Alves, defensora dos direitos humanos e trabalhistas, foi assassinada por pistoleiros, em 12 de agosto de 1983, em frente à sua casa, em Alagoa Grande, na Paraíba.
O crime aconteceu após denúncias de abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região, feitas por Margarida. Seu assassinato foi encomendado por fazendeiros locais. Além da marcha, ela entrou para um rol de personagens históricos do Brasil.
“O nome de Margarida Alves foi aprovado para ser incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”, destacou Luar.
Museu. A casa em que Margarida Alves viveu virou museu. Na fachada do museu está escrita a mais famosa frase de Margarida: “Da luta, não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.
Potência histórica
A Marcha das Margaridas começou a ser realizada em 2000. Janildes contou como foi a primeira edição.
“Em 2000, a marcha reuniu cerca de 20 mil mulheres, quilombolas, agricultoras, indígenas, pescadoras e extrativistas de todo o Brasil. A 7ª Marcha das Margaridas mostrou a potência e a organização na mobilização das mulheres de todos os estados do Brasil e do Distrito Federal, além de mulheres de vários outros países e continentes”, salientou.
Luta pela reconstrução do Brasil
No primeiro dia da atividade, 15 de agosto, foram realizadas oficinas, mostras, debates, apresentações artísticas e musicais, painéis temáticos que destacam reivindicações levadas a Brasília este ano.
No segundo dia, 16 de agosto, as Margaridas percorreram um trajeto de aproximadamente 6 quilômetros, na luta pela reconstrução do Brasil e por uma sociedade do bem viver.
“Margaridas em marcha pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver. Margarida é o meu nome!”