O Conselho Universitário (Consuni) da Ufes vai seguir a discussão em torno do aumento de mais de 200% do valor do bandejão do Restaurante Universitário (RU) para os estudantes, na próxima sessão do colegiado, que ainda será agendada.
Mesmo sem a agenda definida, o Sintufes e o movimento estudantil estão mobilizando trabalhadoras/es e estudantes para promover um ato em defesa da universidade pública, laica, de qualidade e aberta a todas/os. A previsão é de começar o protesto, no prédio da Reitoria, uma hora antes do início da reunião do Consuni. Quando a data e horário da próxima sessão forem anunciados, o sindicato vai divulgar à categoria. Mas é importante ir se preparando para mais esta luta, ficando alerta para a convocação!
“A discussão em torno do RU, começou na sessão do Conselho Universitário do dia 20 de fevereiro (terça), com caráter de urgência. Até havia a possibilidade de o Consuni incluir os ad referendum do reitor referentes à jornada de trabalho dos TAEs na pauta. Mas em função da urgência, o colegiado teve de discutir o aumento do RU sem a possibilidade de pedir vista, sem poder retirar o ponto da pauta e nem transferir para outra sessão. E nossa categoria precisa continuar defendendo a universidade pública. Já fomos alijados do RU, quando tivemos o reajuste para R$ 9,50 da refeição. Precisamos lutar contra o aumento de R$ 1,5 para R$ 5 para os estudantes, pois esta é uma luta em favor de toda a Ufes e contra a política falaciosa e temerária do reitor”, argumenta a diretoria colegiada do Sintufes.
‘Rei’ quer universidade para poucos
O debate acerca do reajuste do valor do bandejão dos estudantes teve início na reunião do Consuni da terça-feira, 20, na qual o ‘rei’ argumentou que o aumento é necessário “para manter a Ufes aberta, viva, cumprindo o seu papel perante a sociedade”. Parece até Temer querendo justificar a Reforma da Previdência, com a proposta de reduzir a aposentadoria da classe trabalhadora.
O ‘rei’ chegou a usar os ataques (que ele vem promovendo monocraticamente) à flexibilização da jornada de trabalho como forma de acabar com privilégios na instituição. Como se os servidores estivessem lucrando dinheiro público, pelo simples fato de trabalharem com jornada flexibilizada em favor do melhor atendimento ao público.
Não dá para aceitar esses argumentos do ‘rei’. Aumentar a refeição do estudante, em mais de 200%, é seguir a lógica da privatização. É atuar para que a Ufes seja uma universidade para os poucos que terão condições de pagar para permanecer nela. Não podemos aceitar isso. Lutamos por uma universidade aberta para todas/os!
Conselheiras/os rebatem argumentos do ‘rei’
Os representantes dos técnicos e os novos representantes dos estudantes no Consuni argumentaram contra a linha de pensamento do gestor da Ufes de aumentar o valor do RU. Até mesmo professores, que muitas vezes seguem a orientação do ‘rei’, também se posicionaram contrários aos argumentos do reitor.
Afinal, a questão vai muito além de um aumento abusivo do valor do bandejão. Ela dialoga com a privatização da educação pública. Ela vai no sentido de que as universidades públicas sejam cada vez mais terceirizadas, excluindo ainda mais a classe trabalhadora, o povo pobre, negro, que já é alijado das políticas públicas nos níveis municipais, estaduais e federal. Afinal, para que cotas? Se o estudante não vai conseguir pagar a xerox, comprar o livro? Ou mesmo se alimentar?
É preciso lembrar que a finalidade do RU não é apenas a de servir almoço e janta. O RU precisa funcionar em favor da permanência do estudante no campus, contribuindo para a formação acadêmica e profissional do corpo estudantil.
Além disso, o valor da assistência estudantil para moradia, de R$ 200, é irrisório. Sem falar que o programa de assistência estudantil do governo, de forma geral, inexiste. Destinar recursos mínimos não é programa de assistência. A Ufes não pode garantir que vai ampliar a assistência mesmo para quem é isento. E nem que vai conseguir subsidiar as refeições para os estudantes que não terão condições de arcar com R$ 10/dia.
E não podemos esquecer que o aumento do preço do bandejão não vai fazer aumentar o recurso da assistência estudantil, que atende o máximo de estudantes que consegue, mas deixa de fora muitos, que têm a necessidade de receber, e não são contemplados por não atenderem a todos os requisitos. Parece que o reitor acredita que todos os estudantes que não são assistidos têm condições de pagar o valor que ele está querendo aprovar no Conselho.
Fato é que a Ufes não fez estudo dos impactos desse aumento e não sabe dizer qual o perfil do estudante que se alimenta no RU. E não dá para voltar no papo do – ‘quem é rico e pode pagar que pague’. Isso já foi discutido quando houve a proposta de cobrar mensalidade de quem é rico. Quem defende essa ideia é míope, pois não enxerga que ela vai abrir precedente para privatização, para que, logo mais, seja cobrado – ainda que percentualmente, daqueles que têm menos recursos.
Outra questão que precisamos trazer para análise é a própria gestão financeira da instituição. A Ufes não tem sido exemplo de controle de finanças. Quantos milhões de reais foram gastos com contratos de monitoramento de câmeras? Com obras que gastam o dobro, o triplo da previsão orçamentária?
Sem falar na política neoliberal do governo, de extinção de cargos do PCCTAE; ou da própria gestão da Ufes na contratação de empresas terceirizadas, que remuneram mal demais, e quase sempre geram prejuízos ao cofres públicos por não cumprirem suas obrigações.
Não tem essa, ‘rei’! O aumento do preço do bandejão não é o que vai manter a Ufes “aberta e viva”! Mas sim investimentos concretos em assistência estudantil! E uma boa gestão, pois esse tema já é discutido há anos e nenhum debate foi realizado. Nenhuma outra proposta foi analisada ou estudada, além da mera deliberação em torno de valores.
Novos representantes dos estudantes
O Consuni, enfim, referendou os nomes dos cinco novos representantes estudantis no colegiado, na sessão do dia 20. Apesar do atraso (já que os nomes deveriam ter sido oficializados em 31 de janeiro), os novos representantes estudantis compõem o coletivo ‘Todas as Vozes’. Para o Sintufes, o grupo é alinhado politicamente à pauta de defesa da universidade pública, laica e de qualidade. Além disso, o coletivo compõe a direção do Diretório Central dos Estudantes (DCE). O que pode trazer de volta a alma combativa do DCE.
Gestão Ousar Lutar, Ousar Vencer (2016-2019)