Uma verdadeira “aula” sobre movimento sindical, história do sindicalismo, marxismo, respeito e lealdade aos princípios políticos de um homem e de uma instituição. Tudo isso em 10 minutos, de forma clara, serena e severa (mas correta) a quem muda sua ideologia política, a quem trai seu próprio passado.
Foi isso que se viu na explanação final do professor da Ufes Francisco Máuri de Carvalho, na mesa de interesse sobre Formação Sindical, na quinta-feira, 12 de abril, no terceiro dia do XXI Confasubra, realizado no Cenacon, em Poços de Caldas, Minas Gerais.
Após as apresentações da mesa, foi feita uma pergunta se seria falha ou mau-caratismo a mudança de princípios, de opinião política, numa clara alusão à CUT ter se transformado em apoiadora do governo na última década.
Um dos expositores, o cordenador geral da Fasubra Paulo Henrique dos Santos (à esquerda de blusa amarela na foto acima) disse que: não posso ser chamado de mau caráter por mudar de opinião.
Já o professor Máuri tem outra posição acerca desse questionamento.
Quando aqui perguntaram se é falha ou mau caráter. Acho que são as duas coisas. Alguém que vende seus princípios por dinheiro é sim mau caráter. Alguém que atraiçoa seus camaradas é um safado, até que me prove o contrário. Tem que se expurgado do meio. Talvez, num processo revolucionário fosse ao paredão. Não dá para relativizar amigos, princípios são inegociáveis, afirmou.
Máuri: príncipios são inegociáveis
Ele também revelou ter um referencial político marxista-leninista. Criticou o alinhamento da Central Única dos Trabalhadores ao sindicalismo colaboracionista.
A CUT existe antes de se filiar a AFL-CIO e depois de se filiar a AFL-CIO. A AFL-CIO é central sindical filiada à Secretaria de Estado Norte-americano para difundir, através do Iadesil (Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre), na América Latina um sindicalismo propositivo, de resultado, aliancista, contrariamente à Federação Sindical Mundial, criticou.
Com essa aliança, para o professor a Central mudou seu projeto de formação sindical.
No meu juízo, a meu ver, a CUT depois da CIO, elegeu a deformação sindical como seu pano de fundo, frisou Máuri.
Referência política
Referencial é o marxismo-lenista em todas as suas manifestações e possibilidades, classe operaria, classe trabalhadora como agente do processo, a revolução como meio e, no fim, a sociedade comunista, argumentou Máuri, em resposta ao questionamento do coordenador de Administração e Finanças da Fasubra, Luiz Antônio de Araújo Silva.
Luiz havia perguntado à mesa qual a concepção política dos processos de formação de seus militantes.
Governo para banqueiro
As críticas ao governo Dilma e Lula também estiveram na fala do professor universitário.
Nós não podemos acreditar na imparcialidade do governo federal. De que o governo federal defende, acima de tudo, os interesses da classe trabalhadora. Isso é falso. É falso afirmar que isso seja verdadeiro. Basta ver quanto foi o reajuste de salário mínimo. E quantos banqueiros foram contemplados pelo governo nos últimos nove anos, disse.
Não me convence alguém achar que o governo anterior era um governo dos trabalhadores. Quando se associou com capitalistas que financiaram a Operação Bandeirantes, que prendeu, torturou e matou os camaradas que se manifestaram contra a entrega do País aos interesses estrangeiros, mais especificamente norte-americanos. Espero que a esquerda tenha vergonha na cara e não tente colocar o finado José de Alencar num altar que ele não merece. Não santifique esse cidadão que estava envolvido com a Operação Bandeirante e que sempre explorou o trabalho assalariado, analisou o professor.
“É nefasta a causa da classe trabalhadora no Brasil”, pontuou o docento, sendo bastante aplaudido após sua explanação final.