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Por mais visibilidade e respeito às pessoas bissexuais!

Você conhece alguma pessoa bissexual? Você sabia que a bissexualidade é uma orientação sexual, que ela não é uma dúvida, uma fase ou uma questão transitória? Se você pensa que bissexual é alguém que ainda não se decidiu se gosta de homem ou de mulher, você está reproduzindo a bifobia (preconceitos contra pessoas bissexuais); está sendo uma pessoa bifóbica.

Por isso, é importante se inteirar sobre o assunto para derrubar preconceitos e estereótipos que podem causar adoecimento à população bissexual.  O Sintufes traz algumas importantes considerações em torno da bissexualidade, em lembrança ao Dia Internacional da Visibilidade Bissexual (23 de setembro).

A data
O Dia da Visibilidade Bissexual foi instituído, em 1999, por ativistas dos direitos bissexuais dos Estado Unidos. “Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur tiveram a noção de que após a revolta de Stonewall, em 1969, os movimentos LGBT ganharam mais visibilidade. Porém, pessoas bissexuais ainda precisariam lutar pela sua bandeira. Portanto, a celebração é uma oportunidade para tornar visível e celebrar a diversidade bissexual, além de combater todas as formas de bifobia”, explica a página da Defensoria Pública do Paraná, em postagem sobre a data em setembro de 2021.

Não é uma fase, tampouco promiscuidade
O senso comum mergulhado no preconceito pode tratar as pessoas bissexuais como pessoas confusas, que estariam passando por uma fase para se ‘descobrir’ hétero ou homossexual, por exemplo.

Isso não existe. Aliás, isso existe na cabeça de pessoas preconceituosas e que não entendem, que desconhecem ou que não respeitam a bissexualidade enquanto uma orientação sexual.

Também não significa promiscuidade: “ah, ele é bissexual, ele fica com mulher, com homem, é promíscuo”. Outro equívoco!

Existem pessoas bissexuais que são casadas e que não traem seus companheiros. Exemplo: um homem bissexual casado com uma mulher (que pode ser heterossexual ou bissexual), ele não vai obrigatoriamente querer sair com outro homem. Ele não precisa disso para ter certeza da bissexualidade dele. O fato dele ser bissexual não o torna uma pessoa que vai cometer a traição. Se fosse assim, não haveria milhares de homens (heteros) que traem suas mulheres mesmo sendo casados há bastante tempo. A traição não é exclusividade das pessoas bissexuais. E o fato delas serem bissexuais não as tornam mais propensas a traições ou à promiscuidade em si.

Não é só homem e mulher
Uma pessoa bissexual não precisa se relacionar apenas com homem e com mulher. “Bissexuais são capazes de se atrair por pessoas trans, não-binárias (que não se identifica com os gêneros masculino e feminino) e de qualquer outra identidade de gênero”, explica a jornalista Nathália Nunes em matéria publicada no portal Agência Mural.

Bifobia é diferente para homens e mulheres
Em seu texto na Agência Mural, a jornalista Nathália Nunes faz a diferenciação entre a bifobia sofrida por homens bi e por mulheres bi: “é comum que homens bissexuais sejam encarados como gays que ainda não tiveram coragem de se assumir. A bissexualidade das mulheres também é invalidada não só quando usam os termos “bi de balada” ou “bi de festinha”, mas também quando não as levam a sério simplesmente por fetichizarem suas relações com outras mulheres. Apesar da invalidação de maneiras diferentes para homens e mulheres, a raiz é a mesma: o machismo, que sexualiza mulheres e dá origem à masculinidade tóxica”.

Legislação
Em matéria publicada no portal da Defensoria Pública do Paraná, a coordenadora do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (da Defensoria), Paula Grein Del Santoro, lembra que não existe uma legislação específica para pessoas bissexuais, mas cita algumas leis que foram conquistadas pela comunidade como um todo nos últimos anos. “No ordenamento jurídico brasileiro não há nenhuma lei específica aos diretos da comunidade bissexual, eles estão englobados nos direitos conquistados pela comunidade LGBTQIA+. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal, decidiu por enquadrar a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, qualquer que seja a forma de sua manifestação, nos diversos tipos penais. Outra importante vitória foi a autorização para os professores da educação básica para trabalhar as questões relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero”.

Atendimento psicológico
Cabe ressaltar que pessoas bissexuais podem querer buscar acompanhamento psicológico em razão da bifobia que sofrem ou mesmo por acreditarem que possam passar por uma inexistente ‘cura’. Mas assim como não há a “cura gay”, não existe cura para bissexualidade, haja vista que não há cura para o que não é uma doença.

O Conselho Federal de Psicologia, em 17 de maio de 2022, publicou a Resolução CFP 08/2022. O documento estabelece normas de atuação para profissionais da Psicologia em relação às bissexualidades e demais orientações não-monossexuais, nas quais a atração afetivo-sexual está direcionada a mais de uma identidade de gênero. A resolução veda que psicólogas/os, “em contexto psicoterápico ou de prestação de serviços psicológicos, conduzam processos de conversão, reversão, readequação ou reorientação de pessoas com orientações bissexuais e não-monossexuais”.

A bissexualidade precisa ser respeitada!
A pessoa cuja orientação sexual é bissexual não deve ser questionada ou confrontada por isso. Ela deve ser respeitada.