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Nota de Solidariedade e Indignação do Sintufes

O Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes) expressa sua solidariedade à Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) e sua profunda consternação e indignação diante da recente tentativa de cobrança imposta pela Reitoria da Ufes, referente a valores que a administração alega serem devidos em razão da greve. Os valores são referentes ao ressarcimento de supostos prejuízos causados pelo sindicato relativos ao “pagamento na nota cheia pelos serviços das empresas de mão de obra terceirizadas da Ufes […] e o não recebimento da prestação dos serviços, por razão de impedimento de entrada na Universidade”.

Consideramos que esta ação se reveste de contornos de um grave ataque não apenas à Adufes, mas a toda a classe trabalhadora e ao próprio direito fundamental de greve, uma conquista histórica da classe trabalhadora. A decisão da Reitoria de enviar boletos bancários à Adufes para ressarcimento de supostos danos financeiros indica um avanço preocupante na direção de criminalizar a luta sindical e o direito à mobilização nas universidades brasileiras.

A Assembleia da Adufes, em deliberação unânime, deixou bem entendido que não reconhece a validade dessa cobrança. O Sintufes assume a mesma posição: reiteramos que a greve é um direito legítimo, protegido por lei, e tido como direito fundamental na Constituição Federal de 1988. A atuação grevista não pode jamais ser interpretada como uma abusividade, sobretudo quando todos os serviços tidos pela Ufes como essenciais foram negociados com o Comando Local de Greve da Adufes, que dialogou com a administração da Universidade e permitiu o acesso de todas as pessoas envolvidas nas atividades consideradas imprescindíveis pela Administração Central.

Insistindo nessa intenção de ressarcimento, a reitoria da Ufes levará à frente um verdadeiro ataque à democracia universitária. Um sindicato de professores forte e combativo é indispensável para a democracia universitária de forma que enfraquecer esse sindicato, não apenas impondo um pagamento abusivo de valores de grande monta, mas também tentando impor freios à legítima organização da luta sindical, significa tentar silenciar uma voz fundamental da comunidade universitária e favorecer uma agenda alinhada aos interesses daqueles que historicamente se opõem a uma educação inclusiva e crítica para a classe trabalhadora. Esta tentativa de deslegitimar o movimento docente coloca em risco muito mais do que uma gestão de um sindicato ou o próprio sindicato, mas a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão, além da diversidade de ideias e da pluralidade necessárias para a formação de pessoas conscientes e engajadas na luta pela construção de uma sociedade verdadeiramente democrática.

Se porventura a intenção da Reitoria da Ufes não é de efetivamente tentar silenciar vozes e deslegitimar a luta dos docentes por melhores condições de trabalho e de ensino, é urgente que o reitor e a Administração Central reconsiderem sua posição e busquem o diálogo, respeitando as organizações sindicais e estudantis da Universidade. É fundamental que a administração entenda que a luta dos trabalhadores não é uma ameaça, mas, ao contrário, é uma alicerce para a melhoria das condições de trabalho e do ensino superior em nosso país.

Estamos juntos na defesa da educação pública e do respeito aos direitos dos trabalhadores e não nos intimidaremos e nem nos retiraremos da luta, nem um dia sequer, por uma universidade pública, gratuita e de qualidade para a classe trabalhadora.

Sindicato dos Trabalhadores na Ufes