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II Seminário LGBTI discutiu a vivência e opressão no local de trabalho

II Seminário LGBTI discutiu a vivência e opressão no local de trabalho

O Teatro do Oprimido encerrou o II Seminário LGBTI


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No início da tarde de sexta-feira,20, em continuidade ao II Seminário LGBTI, aconteceu a roda de conversa sobre a Vivência e Opressão no local de trabalho, coordenada por Mariana Oliveira Lopes técnica-administrativa em educação da Universidade Federal de Goiás (UFG). Foram convidados a compor a mesa o coordenador da FASUBRA, André Gonçalves e a psicóloga Paula Smith.

Para o coordenador André Gonçalves, o caso de uma companheira de Pernambuco que sofreu discriminação,  e recorreu à FASUBRA por meio de um depoimento na Plenária em Recife, contribuiu para a realização do seminário. Mesmo que a FASUBRA tenha uma relação institucional com os sindicatos e não diretamente com a base.

O movimento sindical ainda é muito machista, segundo o coordenador. “Quem chega dentro do sindicato, principalmente quem é LGBTI sente o quanto é machista e homofóbico. Você tem que se impor 24 horas pra conseguir ser respeitado, é bem complicado”. Destacou a importância de continuar com o0 debate nas bases e dentro da Federação. “Trabalhar com esse tema é um processo de construção”.

A partir de uma dissertação, André descreveu as relações LGBTI no ambiente de trabalho, dividida em duas partes:a ascensão funcional e a dificuldade de relacionamento  que a comunidade LBGTI tem no seu ambiente de trabalho.

Segundo o coordenador, muitos ficam no silêncio por medo de estigmas, preconceito e violência. “Revelar-se no ambiente de trabalho pode ser passível até de perder as conexões humanas, além do preconceito da sociedade por meio de discriminação, rejeição, abuso físico, e também abuso verbal”.

Na ocasião, falou sobre profissões que não são ocupadas por trabalhadores LGBTI, como exemplo a profissão de babá. Para André, atualmente a cultura do ódio chegou dentro das universidades. “Inclusive companheiros nossos que concordam com essas políticas de ódio que estão sendo implementadas, seja nos corredores, nas assembleias, colocando posições absurdas, que não era pra ser uma posição de um servidor dentro de uma instituição de nível superior”.

A cada uma hora um gay sofre violência no Brasil,  segundo o coordenador, principalmente após o impeachment houve a ditadura gay. “Na verdade é uma comunidade que sempre foi isolada, conseguiu espaço e agora está vendo novamente seu espaço ser bombardeado 24h, porque não há espaço na mídia”.

Segundo André, muitos LGBTI buscam o suicídio por nao suportar a discriminação e preconceito. “Não tem coisa pior do que você passar na rua e ver que as pessoas estão falando de  você, da sua sexualidade, isso é horrível”.

Subnotificação

A psicóloga Paula Smith acompanha as políticas públicas para LGBTI desde 2008, quando havia o programa do governo federal Brasil Sem Homofobia, com o objetivo de sensibilizar e combater o preconceito e a homofobia.

De acordo com Paula, o Rio de Janeiro é o estado que mais mata pessoas LGBTI no país, principalmente na baixada fluminense. Um dos principais desafios é a subnotificação dos casos de violência,  devido à discriminação nas instituições que deveriam tratar os casos. A psicóloga relatou o caso de uma pessoa LGBTI que procurou a polícia após ser agredida fisicamente. Ao chegar na delegacia, foi ameaçada pelo policial de agressão, quando falou o motivo pelo qual havia sofrido o delito. O caso foi parar na ONU.

“Isso nos faz pensar quantos casos de evasão escolar, evasão nas universidades que não aparecem diretamente. O ambiente oprime tanto porque se você não se sente bem no ambiente de trabalho, não consegue nem identificar. É semelhante aos casos de assédio moral, como você comprova?”

Para Paula, é preciso criar estratégias de enfrentamento na questão da sensibilização. “O trabalhador muitas vezes não tem um bom relacionamento no ambiente de trabalho, está sendo perseguido e não consegue provar isso”.

A psicóloga afirmou que a suspensão da resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que proíbe o tratamento psicológico de homossexuais e bissexuais como doença aconteceu porque muitos LGBTI saíram do armário. “Mas todos estão saindo do armário também, inclusive, os fundamentalistas”. A resolução, publicada em 1999, é embasada na decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS), que retirou a homossexualidade da lista de doenças.

“A bancada bbb vem se aparelhando, muitos têm financiado cursos de psicologia.Na minha faculdade estudei com pastores e padres e muitos não conseguiam nem falar comigo”.

Como formas de intervenção, Paula utiliza uma peça teatral baseada no texto de Luis Antonio Baptista da Universidade Federal Fluminense (UFF) chamada, A Atriz, o Padre e a Psicanalista – os Amoladores de Facas, apresentada em instituições de ensino. “Cada piada quando um colega nosso fala – não foi preconceito, foi uma piada – é uma amolação de faca invisível”.

Dinâmica das Pedras

Mariana encerrou a roda de conversa com uma dinâmica, em que os participantes recolhiam pedras no chão a cada frase de teor opressivo, que identificavam a discriminação vivida ou presenciada.

Ao final, as mãos estavam cheias de pedras, e os participantes compartilharam porque recolheram as pedras e suas experiências e observações de opressão no local de trabalho.

GT LGBTI

Os trabalhadores técnico-administrativos em educação se organizaram em grupos de trabalho, para analisar a carta do seminário anterior e realizar acréscimos. As propostas serão sistematizadas e apresentadas na Plenária Nacional da FASUBRA, realizada nos dias 21 e 22 de outubro.

Teatro do Oprimido

A peça teatral apresentada por trabalhadores técnico-administrativos e produzida por Marcelle  Esteves, vice do Grupo Arco Íris de Cidadania LGBT, conselheira Estadual LGBT do RJ e integrante do Fórum de Mulheres Negras do RJ.

A estória retrata um estudante que mudou seu nome social e precisou passar por diversos constrangimentos dentro de uma instituição de ensino para conseguir ser chamada pelo nome escolhido.

O coordenador Wellington Pereira agradeceu a presença de todos e o esforço dos que ajudaram a construir o seminário.

Assessoria de Comunicação FASUBRA Sindical

Fonte: FASUBRA.

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