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Greve unificada: “Acorda! A corda está no pescoço”

O que seria um ato nas ruas de Vitória se voltou para o campus de Goiabeiras. Sobretudo se voltou para a parcela do segmento acadêmico que foge à sua própria luta. E repousa acreditando que a universidade pública brasileira é um berço esplêndido de educação e saúde públicas e de qualidade.

Fato é que os técnico-administrativos, professores e estudantes, que furam a greve, ouviram o brado retumbante ecoar nos quatro cantos do campus, nessa terça-feira, 26 de junho, em mais um ato em conjunto, tocado pelo Comando Unificado de Greve da Ufes: Sintufes, Adufes e DCE.

Percorrendo os diferentes castelos no mesmo reino
Técnico-administrativos, professores e estudantes de luta percorreram o anel viário, passaram pelo Centro de Línguas, pelo estacionamento do Centro Tecnológico e pelos pomposos prédios da Petroufes; foram na Prefeitura Universitária e seguiram para as proximidades do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) e da Biblioteca Central; entraram na Reitoria e finalizaram o ato em frente ao restaurante universitário (RU).

Em prédios do CT, do CCJE e de outros centros, as pessoas se aglomeravam nas portas para acompanhar os manifestantes.

Confira as imagens do trajeto.

Os manifestantes traziam em suas mãos, cruzes representando o enterro da educação e da saúde públicas e faixas de protestos. De suas cordas vocais, não havia a melodia do Hino Nacional, mas sim a força da classe trabalhadora, expressada em palavras de ordem que conclamavam a todos a lutarem pelo salvamento das universidades e hospitais universitários e alertavam a todos.

ACORDA, Ufes! ACORDA, POIS A CORDA ESTÁ NO PESCOÇO, aclamava o trabalhador Wellinton Pereira, do Comando Unificado de Greve.

Wellington expôs as diferenças entre os cursos e os processos de privatização da universidadeEle alertava ainda para o descompromisso do governo Dilma em atender as reivindicações de mais de 50 universidades federais em greve, para a privatização dos setores, bem como a dos hospitais universitários, além da discrepância existente entre os cursos dentro da própria Ufes.

Por que temos os fura-greves aqui no CT? Por causa da Petroufes, que só gera lucro para o CT, não para todos os cursos. Eles constroem os ‘castelos’ da Petroufes que são diferentes dos ‘castelos’ em frangalhos do CCHN. Queremos salas com ar condicionado, data show, quadro branco para todos os cursos. Somos da mesma universidade, cobrou Wellington.

Já em frente ao Centro de Línguas, ele destacou o processo de privatização que assola todos os campi.

O Centro de Línguas representa a privatização da universidade pública. Ele foi criado para oferecer cursos à comunidade carente, mas hoje quem estuda aí paga mensalidade e não tem pessoas carentes estudando. Isso pode acontecer com outros cursos da graduação. E o Hucam também está sendo privatizado, com a Ebersh, que vai atender a planos de saúde para ter lucro, alertou.

Diante disso, Wellington citou como será o cenário, caso não haja luta contra o descaso do governo federal: você fura-greve, você que acha que está tudo uma maravilha, quando seu filho, seu neto tiver que pagar para estudar na universidade pública você vai se arrepender, mas aí vai ser tarde. Queremos universidade pública, gratuita e de qualidade.

Dentro da Reitoria, o discurso foi ratificado para entrar nos poros da administração universitária. Já em frente ao RU, ele lembrou de uma situação que tem incomodado estudantes carentes.

Vamos discutir com a Reitoria alguma forma para solucionar a situação dos estudantes carentes durante a greve. Mas é preciso lembrar que se o RU fornece comida aos estudantes carentes é porque isso foi luta nossa, o que prova que estamos no caminho certo para alcançar nossas conquistas, argumentou.

Crítica aos docentes
A professora do Departamento de Serviço Social da Ufes Ana Targina criticou os professores que não participam da greve.

Temos reivindicações justas, mas precisamos de mais mobilização do corpo docente, afirmou. 

Ana convonca mais professores para se mobilizarem
Estudantes na luta
Já o estudante Vitor Noronha revelou uma novidade da luta estudantil. Na Cúpula dos Povos, instalamos pela primeira vez o Comando Nacional de Greve dos Estudantes. Aqui na Ufes, estamos intensificando o Comando Unificado. E é preciso entender que os malefícios da greve não são dos grevistas, são promovidos pelo governo, frisou  Noronha.

A instalação do Comando Nacional de Greve dos Estudantes, a participação de corpo e alma dos técnicos e dos professores na greve mostra que a o movimento paredista vai muito além da inútil crença de alguns de que a Pátria amada é uma mãe gentil.

Mal sabem eles que os verdadeiros filhos deste solo são os que lutam para ter paz no futuro. E assim poderem se lembrar de um passado glorioso. 

São estes trabalhadores e estudantes (que serão os trabalhadores de amanhã!) que não vão acatar o atual desmonte da educação e da saúde públicas, tocado pelos governos da Terra adorada. Os que vão pra greve, estes sim não fogem à luta.

Além de mostrar na prática o exemplo cívico teórico dos versos do Hino Nacional, da Pátria amada, que insiste em financiar banqueiros internacionais, em vez de ser uma Gigante para sua própria nação.