A Coluna #EuTrabalhoAqui da edição 218 do Jornal do Sintufes traz uma entrevista com o trabalhador Adryelisson de Souza Maduro, do Cine Metrópolis, no campus de Goiabeiras.
O jornal já está sendo distribuído nos campi. Aqui, você confere a entrevista completa com o trabalhador que tem sua vida, praticamente, dedicada à Universidade Federal do Espírito Santo.
Confira!
Uma vida dedicada à Ufes
O trabalhador Adryelisson de Souza Maduro tem sua vida dedicada à Ufes. Em 2006, aos 18 anos, ele começou a cursar Letras e depois fez Cinema. Seu primeiro filme foi feito na Ufes.
Em 2018, ingressou como técnico em audiovisual, atuando no Cine Metrópolis, Secretaria de Cultura. Ele que se entende como trabalhador da Ufes, é o entrevistado da coluna #EuTrabalhoAqui, desta edição. Confira abaixo.
Fale um pouco sobre o seu trabalho.
Entrei na Ufes, em setembro de 2018, como servidor. Meu cargo é técnico em audiovisual. E eu trabalho dentro do Cine Metrópolis. Trabalho na parte técnica do Cine Metrópolis, que é o cinema da Ufes. Sou um dos responsáveis pela análise técnica dos filmes que entram. Quando o filme chega, fazemos (eu e outros colegas de trabalho) a análise da qualidade de áudio, da qualidade de vídeo desses filmes. Conferimos se os arquivos estão corrompidos ou não. Se legenda está correta. Então a gente faz essa análise técnica. Além disso, sou responsável também pela projeção. Então, desde quando o programador escolheu o filme, e o filme chega, a análise de qualidade de áudio, de vídeo, legenda, cor, aí eu faço essa parte aí.
Qual a importância do seu setor?
Trabalho na Secretaria de Cultura. Ela é de extrema importância para a universidade. Principalmente em um país (do governo passado), que a gente teve tanta mazela com relação à cultura. Num país que extinguiu o Ministério da Cultura (Minc), agora que bom que voltou. Mas extinção de ministério, perseguição de artistas. Ter um local dentro da universidade, em que existe um fomento e um fomento bom à cultura, fomento grande à cultura, sem a ideia de um retorno meramente lucrativo, sabe, e sim, de dar acesso à cultura as pessoas, dar acesso à cultura, não só aos estudantes, mas à comunidade. A comunidade próxima da universidade, que pode ir à universidade assistir a um filme, a uma apresentação musical. Isso é pra mim é de extrema importância.
Um exemplo disso é o cinema. Lá no Cine Metrópolis não se cobra entrada de estudantes. Então, estudante tem um cinema de qualidade, com equipamentos muito bons, qualidade de som, qualidade de vídeo, (e tem isso) de graça. Tanto estudante de graduação quanto de pós-graduação. E os não estudantes da Ufes que também podem, obviamente, usufruir dos filmes, do cinema, (eles) pagam um valor muito menor do que o valor de outros locais de outros cinemas.
Então, a intenção é um fomento cultural real, e não lucro. Isso pra mim é essencial. A cultura está funcionando muito bem dessa forma lá dentro da Ufes.
Qual impacto do corte de verbas?
Esses cortes, eles causaram impactos não só à cultura dentro da Universidade. Mas à comunidade universitária inteira, pesquisas, projetos de extenção, enfim. Causou um impacto enorme.
Mas mesmo com esse impacto, a gente conseguiu, dentro das possibilidades e, obviamente, não é o ideal, mas gente conseguiu se adaptar. A gente conseguiu manter a gratuidade para os estudantes.
Até porque, dentro da Secretaria de Cultura, a gente tem um secretário que é muito bem articulado. Então, ele consegue dialogar com os outros setores dentro da universidade, com outras chefias. Óbvio, tivemos um corte. Esse corte impactou diretamente, porém, a gente continuou fazendo com que com que dava.
A cultura foi bem atacada pelo governo anterior. As universidades também. Qual sua avaliação desse discurso de ódio?
Na hora que você falou (ao fazer a pergunta) sobre discurso de ódio contra as universidades, a primeira coisa que me veio à cabeça foi tristeza. Só que eu pensei melhor e, na verdade, é mais revolta mesmo. É revoltante você ver que uma universidade que é tão benéfica para para a população, a única universidade que a gente tem (no ES), a nossa universidade pública, federal que a gente tem no Estado, sofrer esse tipo de sanção, de discurso.
Ver pessoas que não conhecem a universidade, que não sabem como que funciona, não sabem como que é o ensino, que é um ensino de realmente de qualidade, (ver esse tipo de pessoa) pregar esse discurso e fomentar esse discurso (é revoltante).
Mas isso também faz com que a gente dentro da universidade, a gente repense, né? Dentro da universidade, no Ministério da Educação, de forma geral, pois isso daí acontece num âmbito nacional, mas que a gente repense. Repense o quanto que é problemático as pessoas, a população de forma geral, não conhecerem a universidade, não saberem da importância da universidade.
Porque, isso mostra, que a universidade, ainda, apesar de várias tentativas de inserção, de políticas afirmativas e tal, ela ainda é elitizada. A população, de modo geral, ainda não tem acesso.
Então, esse tipo de benefício que a universidade de traz, ele deve ser falado, ele deve ser movimentado. A gente deve é propagar isso aos ventos assim, para que as pessoas entendam o quão importante é uma universidade pública. O quão importante é um ensino público gratuito e de qualidade.
Qual a importância do movimento sindical na sua opinião?
Bom, eu sempre fui sindicalizado. Antes de entrar na Ufes, como servidor, eu trabalhava no setor privado. Já passei por várias áreas, desde educação que eu fui professor durante um bom tempo, até o comércio. Então, eu sempre sindicalizado. Os sindicatos e os movimentos sindicais são extremamente importantes, extremamente relevantes para melhorias, para dar voz à categoria, para ter uma voz da categoria e para que as vozes não soem uníssonas. Para ter alguém que consiga falar em representar o trabalhador. Acho que é essencial que haja sindicatos. Eu sempre me filiei.
O Sintufes se denomina Sindicato dos Trabalhadores na Ufes. Em linhas gerais, ele poderia trabalhar a possibilidade de filiar desde os técnicos, quanto professores e até os terceirizados. O Adryelisson se entende enquanto trabalhador na Ufes?
Sim, eu me entendo perfeitamente como um trabalhador da Ufes. É isso que eu sou. Sou uma pessoa que é, além de trabalhador, obviamente, tenho uma admiração muito grande pela universidade. Trabalho na Ufes, e eu não consigo nem desenvolver tanto essa resposta, porque pra mim é isso, assim ela é bem taxativa: sim, sou trabalhador da Ufes e ponto.
O que é a Ufes para você?
Olha, eu tenho mais tempo de vida na Ufes do que fora dela. Entrei na ufes com 18 anos como estudante. Entrei em letras em 2006, depois em cinema, em 2012, depois, como servidor, em 2018.
Então, desde 2006, eu estou a universidade, ela faz parte ativamente da minha vida, me desenvolvendo, ora como estudante, como uma pessoa, como servidor. Me incentivando a pensar de forma crítica, a pensar a política de forma inclusiva, e me formando como um profissional.
O os meus primeiros filmes, por exemplo, fiz dentro da universidade. A universidade que me proporcionou isso. Sob orientação dos professores, dos técnicos, usando os equipamentos da própria universidade.
Ela me desenvolveu tanto como estudante, como cidadão também e como profissional. A Ufes é de extrema importância para mim. A universidade foi onde eu consegui me desenvolver, onde eu fiz amigos de décadas. Então, ela é muito importante para mim. Eu tenho um carinho muito grande pela Ufes.