Na visita do governador Renato Casagrande ao Hucam, no campus de Maruípe, em Vitória, na terça-feira, 03 de janeiro de 2012, o diretor-geral do hospital, Emílio Mameri, indicou que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) pode ser a solução para o problema de recursos humanos que atinge a unidade.
A visita foi uma cortesia do governo do Estado feita ao Hucam para saber sobre os projetos de expansão, funcionamento, parcerias, apoio etc. relacionados ao hospital, segundo informou o diretor Emílio Mameri,
Antes de conhecer as obras do Hucam, o governador participou de uma palestra, no auditório do hospital, marcada pela incoerência nas falas das autoridades presentes.
Apesar de considerar a Ebserh pouco nebulosa ainda, Mameri acredita que a empresa poderá solucionar um grande problema do Hucam.
A maior parte dos nossos problemas está relacionado com recursos humanos. A Empresa Brasileira (Ebserh) é uma coisa pouco nebulosa ainda, vamos ver como a universidade vai administrar. Mas não temos condições de resolver (os problemas com recursos humanos). Esperamos que num futuro próximo se resolva, já que a empresa (Ebersh) está constituída, ressaltou o diretor-geral.
O reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, lembrou que o governo federal não cedeu em relação aos recursos humanos para os hospitais universitários (HUs). Segundo ele, muitos reitores das universidades federais mostraram, em 2011, a necessidade de realização de concurso público, mas não houve acordo com Brasília.
Já em relação à Ebserh, Centoducatte também não sabe claramente como será a empresa administrará os HUs.
Ainda não sabemos qual o impacto a Ebserh terá na administração dos hospitais universitários, mas perder a autonomia é inaceitável, ponderou o reitor.
Já o governador Casagrande, apesar de ter folheado o Jornal do Sintufes, não falou nada sobre a Ebserh. Ele apenas destacou o apoio do governo do Estado a investimentos no Hucam.
Triste incoerência
Para a diretoria colegiada do Sintufes, a posição das autoridades acerca da Ebserh é incoerente.
Afinal, o diretor do Hucam e o reitor da Ufes desconhecem como será a administração do hospital pela Ebserh, mas nenhum dos dois se posicionou contrário à empresa.
Nenhum deles questionou como será entregar a administração de um hospital tão importante para uma empresa, cuja atividade ainda é nebulosa.
É triste que os gestores da Ufes não vejam o processo de privatização dos hospitais universitários que vai se formar com a Ebserh. Pelo visto quem vai sofrer mesmo são os trabalhadores, que serão contratados via CLT pela Ebserh. E a população, pois não está assegurado que o Hucam continuará atendendo 100% SUS com a Ebserh, destaca a diretoria colegiada do sindicato.
Entenda mais sobre a Ebserh
No dia 15 de dezembro de 2011, a presidente Dilma sancionou a Lei Federal 12.550/2011.
Com isso foi aprovada a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que visa a privatização dos hospitais universitários (HUs) federais.
Na greve de 2011, os trabalhadores técnico-administrativos sempre criticaram os projetos de lei da Ebserh. A categoria defendia que os HUs continuassem com seus serviços 100% SUS.
Mas a luta perdeu força, quando a Câmara Federal aprovou o PL 1749/2011, em agosto. Nessa aprovação, seis deputados da bancada capixaba votaram a favor da Ebserh.
A situação ficou ainda pior, no dia 28 de novembro de 2011, quando o Senado aprovou o PL 79/2011 e encaminhou o projeto da Ebserh para sanção presidencial. Dois senadores do Espírito Santo votaram a favor.