Sindicato manifesta apoio, mas cobra pacto por parte do candidato à reeleição para o Palácio Anchieta, durante o evento ‘Encontro com a Educação”
O Sintufes participou da entrega da carta de reivindicações da Frente Democrática do Magistério Capixaba que reúne trabalhadores da educação básica e superior, organizados por meio de coletivos, associações e sindicatos.
A entrega ocorreu na segunda, 24 de outubro, na solenidade “Encontro com a Educação” de apoio ao governador Casagrande, que busca ser reeleito. O evento foi realizado no Comitê Central de campanha do candidato, em Vitória, reunindo as entidades que compõem a Frente do Magistério, reitores da Ufes e do Ifes, deputados eleitos e políticos de diversos municípios capixabas, apoiadores da campanha de Casagrande.
A participação do Sintufes na atividade dialoga com a posição da direção do sindicato de apoiar as candidaturas do governador do ES e do ex-presidente Lula, neste segundo turno. Pois, neste momento, a vitória de Lula e Casagrande vai derrotar, respectivamente, Bolsonaro e o bolsonarismo, expressado na candidatura de Manato ao Palácio Anchieta.
O coordenador geral do Sintufes, Wellington Pereira, fez uma fala durante o ato. Ele lembrou que os trabalhadores da Ufes e de outros órgãos federais sempre estiveram nas ruas, na luta. Wellington cobrou um pacto, por parte do candidato Casagrande.
“Nós trabalhadores do serviço público federal temos ocupado as ruas. Nós precisamos de um governo que não nos dê gás ou bomba nas ruas. Mas que caminhe nas ruas junto da gente. Se tivermos esse pacto, estamos juntos para eleger Lula e Casagrande no Espírito Santo”, expôs o coordenador do Sintufes sendo observado pelo governador que estava ao seu lado e manifestou apoio a fala do sindicalista.
É importante que Casagrande cumpra o pacto que ele pareceu apoiar no discurso de Wellington e não reprima manifestações de trabalhadores e estudantes como ele fez em 2013, quando o Batalhão de Missões Especiais da PM/ES atirou balas de borracha contra manifestantes, que lutavam contra aumento da passagem de ônibus e do pedágio da Terceira Ponte.
Além disso, o candidato Casagrande se comprometeu a não privatizar o Banestes e a Cesan e a manter negociação constante com movimentos sindicais e sociais. Esse compromisso foi firmado em reunião com centrais sindicais, após o resultado do primeiro turno.
A carta
A Carta da Frente Democrática do Magistério Capixaba entregue ao candidato Casagrande, em seu texto, aponta que a atual conjuntura é “de desmontes e retrocessos educacionais”. Em razão disso, faz uma convocação observando que:
“A concretização do projeto de nação ancorado nas premissas do Estado Constitucional democrático de direito exige a defesa intransigente da Democracia e, por conseguinte, a necessária consolidação de um projeto popular de educação como direito humano de existir, de aprender e de ensinar. Defendemos, então, uma educação pública, popular, com gestão pública, gratuita, laica, inclusiva e com qualidade social”.
Antes de finalizar e mostrar as 23 reivindicações anexadas à carta, o texto convoca trabalhadores da Educação a votarem em Lula e em Casagrande no dia 30 de outubro.
Derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, sim. Mas será preciso seguir na luta!
Bolsonaro e o avanço do bolsonarismo precisam ser derrotados pois representam um grave atentado aos direitos sociais e trabalhistas, aos direitos humanos e consequentemente à democracia. Precisamos derrotar Bolsonaro que é o inimigo maior neste momento. Tornando-se importante derrotar Manato, representante do bolsonarismo no ES.
As vitórias de Lula e de Casagrande serão um passo importantíssimo para enfraquecer Bolsonaro e o bolsonarismo. Enfraquecer porque o Congresso (Câmara e Senado) e a Assembleia Legislativa (do ES) que se formaram no primeiro turno vão manter o bolsonarismo vivo.
Provavelmente, em um eventual governo Lula vai haver um canal de negociação com a classe trabalhadora do Executivo Federal. Diferentemente de Bolsonaro que, se for reeleito, vai atuar para fechar sindicatos, não atender reivindicações de trabalhadores, intervir nas universidades e reduzir os investimentos no setor.
Mas não podemos nos iludir. Mesmo com a vitória de Lula, o Sintufes vai precisar se reforçar na organização da categoria para seguir lutando, de forma independente e coerente, em defensa dos interesses dos TAEs.
Estado democrático de direito x defesa dos interesses da classe trabalhadora
A carta da Frente assinala que: “a concretização do projeto de nação ancorado nas premissas do Estado Constitucional democrático de direito exige a defesa intransigente da Democracia….”.
É importante fazermos um apontamento em relação ao “estado democrático de direito”. A carta pontua o quão trágico tem sido o governo Bolsonaro para a educação pública. Seja na condução das políticas do campo educacional e nas ações em favor da privatização, seja na falta de diálogo, na interferência, nos arroubos autoritários em diversos espaços da educação pública federal. Diante disso, Bolsonaro é sim uma ameaça à democracia e às instituições federais de ensino superior (Ifes).
Mas é preciso observar que o estado democrático de direito no Brasil vem sendo bastante desfavorável para a população em geral, para a classe trabalhadora. Quando fazemos o recorte social então, notamos que o estado democrático de direito não tem sido nem um pouco democrático.
Asfixia do pobre sem capacete x o diálogo sereno com quem atira contra policiais
O bolsonarista Roberto Jefferson, amigo pessoal do presidente Bolsonaro, foi preso por um agente da Polícia Federal num clima de descontração inaceitável. O agente da Polícia Federal parecia estar prestes a fazer uma viagem com Jefferson. Isso depois de Jefferson afirmar que deu 50 tiros de fuzil e jogou três granadas em policiais federais que foram cumprir uma ordem de prisão, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no dia 23 de outubro de 2022.
Genivaldo de Jesus Santos não teve a mesma sorte. Tampouco o mesmo tratamento. Homem negro, de 38 anos, Genivaldo foi brutalmente assassinado por policiais rodoviários federais, no Sergipe, em 25 de maio de 2022. Os agentes da PRF improvisaram uma “câmara de gás” no bagageiro da viatura policial e asfixiaram Genivaldo até a morte. Ele foi parado em uma blitz porque estava sem capacete. Não ofereceu resistência durante a abordagem.
Por isso, um estado democrático só deveria ser assim chamado se garantisse os interesses da classe trabalhadora, da população pobre, das minorias, das mulheres, do povo preto. Para assim termos um estado democrático de fato e de direito para todas/os. Não só para abastados e armados até os dentes.