Após informes da assembleia, a categoria degustou a macarronada servida pelo sindicato
Os trabalhadores técnico-administrativos dos quatro campi da Ufes tomaram café da manhã e almoçaram dentro da Reitoria, no campus de Goiabeiras, em Vitória, nesta quinta-feira, 21 de julho. O protesto promovido pelo Sintufes foi para mostrar que a categoria continua firme na greve, que deve ficar ainda maior nas próximas semanas.
Segundo o membro do Comando Local de Greve (CLG) Wellington Pereira, o retorno às aulas pode estar comprometido. E prédios administrativos podem ser fechados.
Se não tivermos nenhuma proposta do governo, vamos radicalizar o movimento e não fazer a matrícula para o próximo semestre letivo. Temos também o indicativo de fechar por um dia a Reitoria ou outros prédios dos quatro campus, revelou.
Ele repassou informações sobre a situação em outras universidades, mostrando que a greve ganha força em vários estados. E informou que o Comando Nacional de Greve (CNG) estava com reunião agendada com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), em Brasília, prevista para tarde desta quinta-feira, 21.
Wellington ainda leu uma matéria do Correio Braziliense, em que o governo diz que não vai atender as reivindicações. E que essa posição do governo pode desencadear uma greve geral dos trabalhadores federais de todo o País, a partir de agosto.
O integrante do CLG agendou a categoria para o ato no Hospital das Clínicas (Hucam), na próxima quinta-feira, 28 de julho. De acordo com Wellington, este próximo protesto deve ter novamente sonhos e almoço. E os dois atos são deliberações do CNG.
Café com sonho e almoço com o rei
Sonhos simbolizam o desejo por melhores dias
Os trabalhadores que chegavam à Reitoria na manhã desta quinta-feira, 21, tiveram uma recepção diferente: o café com sonho. A categoria fez o desjejum comendo mais de 150 sonhos de padaria.
É que nós sonhamos com dias melhores, com melhores salários, com mais dignidade para os trabalhadores, frisou o membro do CLG Eliésio Gomes.
O protesto seguia nas dependências da Reitoria e o apoio à greve era demonstrado por professores e até por estudantes, que apesar das férias, marcaram presença no ato. Eles prestavam solidariedade à luta dos trabalhadores.
Já por volta do meio-dia, antes do almoço com o rei (de reitor, que até apareceu no ato, mas não chegou a comer nem o sonho nem a macarronada oferecida pelo Sintufes), uma assembleia-geral foi realizada.
Nela os Comandos de Greve dos campi mostraram apoio e foram unânimes em dizer que só com a greve os trabalhadores terão suas reivindicações atendidas.
ReivindicaçõesA categoria reivindica que o Governo Federal apresente os recursos orçamentários para serem alocados no piso da tabela salarial para 2011 ou 2012. Hoje o piso é de R$ 1.034,59 a reivindicação é que passe para 3 salários mínimos R$ 1.635,00.
Os trabalhadores querem também reajuste no Step (avaliação a cada 18 meses. Se a avaliação é positiva, o servidor avança um padrão na carreira e recebe hoje 3,6%. Reivindicação é que passe para 5%).
Eles lutam ainda contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 1749/2011. Se aprovado, o PL 1749 criará a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), uma nova estatal com patrimônio próprio, vinculado ao orçamento da União, mas sujeita a regimes de trabalho dos hospitais da iniciativa privada.
Um desses regimes é a contratação de funcionários com contratos temporários ou via CLT. Isso seria uma perigosa alternativa aos concursos públicos na contratação de trabalhadores para hospitais universitários. Eles não teriam estabilidade e ficariam expostos a pressões políticas. Além disso, a empresa vai desvincular os hospitais de ensino das universidades.
Outro grave problema é que, com a criação da empresa, os hospitais universitários poderão vender serviços para planos de saúde privados. Segundo o Sintufes, isso pode gerar desigualdade entre os usuários no atendimento. As camadas mais pobres da população, que mais necessitam dos serviços de assistência de saúde pública, terão que disputar serviços com usuários que pagarão por eles.
A categoria luta também contra o congelamento de salários por 10 anos proposto pelo governo no PL 549 e por melhores condições de trabalho.Em campanha, pré-candidatos a reitor mostram apoio Além do reitor, outros pré-candidatos à Reitoria estiveram no ato e mostraram apoio ao movimento. Mas o integrante do CLG Wellington Pereira questionou se a iniciativa será mantida, após as eleições.
Anotamos e agendamos o apoio dos pré-candidatos. Mas a gente espera que esse apoio continue com o reitor que for eleito. Pois nós vamos seguir na luta. E não vamos aceitar retaliação por parte de Reitoria ou de chefia de centro algum, acrescentou.
O CLG lembrou que a categoria não vai aceitar propostas que não contemplem também os aposentados.
Cobertura da imprensa
A imprensa capixaba esteve presente no ato desta quinta-feira, 21, na Reitoria. Uma repórter da Rádio CBN entrevistou o membro do CLG Wellington Pereira. A seção capixaba do G1 (portal de notícias da Globo) recebeu fotos e informações da assessoria de Comunicação do Sintufes e também publicou matéria sobre o protesto.
E na quarta-feira, 20, o Gazeta Online divulgou que o ato seria realizado.
Isso mostra que as manifestações do sindicato estão sendo bem arquitetadas, pois vêm conseguindo espaço nos meios de Comunicação do Estado.
Wellington concede entrevista à CBN