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A pandemia acabou? Para Superintendência do Hucam parece que sim

A pandemia acabou? Para Superintendência do Hucam parece que sim

Gestão do Hospital/Ebserh fala em reabrir ambulatórios em 3 de agosto e ignora reivindicações da categoria apresentadas pelo Sintufes

O Sintufes denuncia em seu site e suas redes sociais a falta de compromisso com a vida de trabalhadoras/es e de usuárias/os do Hucam por parte da Superintendência do Hospital Universitário e com aparente consentimento da gestão da Ufes. Trabalhadoras/es estão exaustas/os e sobrecarregadas/os, pacientes são internadas/os e familiares não sabem se vão voltar a vê-los. A realidade no Hucam continua dura diante do enfrentamento da pandemia de covid-19.

A estabilização da pandemia no Espírito Santo não significa que a doença está controlada ou está perto do fim. A letalidade, segundo o governo do Estado, está maior que 3%. São mais de 20 mortes diárias no Espírito Santo. Mais de 11 mil profissionais da saúde (mais que 10% do total de casos confirmados) foram contaminados e mais de 30 morreram da covid, no Estado. Ou seja, a estabilidade da covid-19 está lá no alto.

Porém, para a superintendente do Hucam/Ebserh a pandemia de covid-19 parece estar terminando. Em reunião virtual com a direção do Sintufes, em 24 de julho, a Superintendência do Hucam informou que os ambulatórios serão reabertos a partir de 3 de agosto. E não quis avançar nas reivindicações da categoria, mostrando contradições e até faltando com a verdade.

A Progep/Ufes também participou da reunião. Mas a atual administração central da Ufes parece concordar com a Superintendência do Hospital. É que o atual reitor fala que não pode interferir na gestão do Hucam, pois o hospital tem a sua própria gestão. Será que o reitor se esqueceu que muitas/os trabalhadoras/es do Hospital são vinculadas/os à Ufes? E se a universidade faz diversos estudos para iniciar o ensino remoto, entendendo que não é o momento de retomar as aulas presenciais, por que a Universidade não se manifesta diante da decisão do Hospital em retomar atendimento presencial nos ambulatórios a partir de 3 de agosto? Quer deixar trabalhadoras/es e estudantes estagiárias/os à própria sorte?

Reabertura de ambulatórios. Para a Superintendência do Hucam, os ambulatórios serão reabertos a partir de 3 de agosto. A direção do sindicato pontuou que os ambulatórios NÃO ESTÃO totalmente FECHADOS. Afinal, os programas especiais continuam sendo atendidos. Porém, os ambulatórios não estão de portas abertas para cirurgias eletivas e para consultas a fim de evitar a transmissão do vírus.

Quem conhece o Hucam, sabe que os ambulatórios são locais de aglomeração de pessoas. Tem idoso que vem com filhos, netos para fazer alguma cirurgia. E muitas dessas pessoas passam o dia inteiro nas dependências do hospital. Sem falar na quantidade de pacientes que vêm do interior do Estado, em ambulâncias e ônibus, viajando 2, 3, 5 horas para consultas ou cirurgias.

É aquilo: é lógico que uma cirurgia eletiva pode passar a ser classificada como urgência com o passar dos dias. Mas não é reabrindo ambulatório – em meio a uma pandemia – que se vai resolver esse problema.

Retorno de pessoas com mais de 60 anos! Para reabrir ambulatórios, muitas/os trabalhadoras/es afastadas/os por serem consideradas/os grupo de risco, vão ter que voltar ao trabalho presencial. Segundo a superintendente, ela não esteve na reunião (no início da pandemia) que decidiu pelo afastamento de quem tem mais de 60 anos. E informou que nas normativas (IN do governo e resolução da Ufes) não apontam para esse afastamento.

A superintendente falta com a verdade. Porque em abril, em reunião com o Sintufes, a Superintendência se comprometeu a afastar pessoas com mais de 60 anos. A matéria pode ser conferida no site do Sintufes.

É inaceitável a superintendente querer o retorno de pessoas com mais de 60 anos diante de evidências que apontam que o risco de morrer vai aumentando a partir dos 50 anos.

Flexibilização da jornada. Diante de todo estresse e complexidade de trabalhar em meio a uma pandemia num hospital referência como é o Hucam, muitas/os trabalhadoras/es têm sentido ainda mais o peso da sobrecarga da jornada. Sem falar nos que ficam doentes e precisam se afastar. Sem falar nos que estão morrendo por conta da covid-19, fazendo aumentar a sobrecarga e a aflição de quem segue na linha de frente. Mas para a Superintendência, o ‘pico’ de atendimento de vítimas da covid-19 já passou. E por isso não cabe à gestão do Hucam/Ebserh flexibilizar a jornada de trabalho.

Mas lá atrás, o argumento da Superintendência do Hospital de não flexibilizar é que não podia por conta do aumento da demanda. Ou seja, a desculpa atual é o contrário da desculpa do início da pandemia.

Mais contradição: Não pode flexibilizar, mas não pode sair para licença? O argumento da superintendente do Hucam é de que não é necessário flexibilizar a jornada porque o hospital está voltando à ‘normalidade’.

Ok, se o Hospital está voltando à ‘normalidade’, por que então setores do Hospital estão negando a licença capacitação? Não há impeditivo da gestão nesse sentido.

Grau máximo de insalubridade para todas/os
Outra negativa da superintendência é em relação ao grau máximo do adicional de insalubridade para todas/os que estão atuando no Hospital. No entendimento do sindicato e da categoria é que o grau poderia ser estendido a todas/os, em virtude do alto potencial de transmissibilidade da covid-19. O Sintufes ingressou com ação na Justiça cobrando o grau máximo, mas ainda não teve retorno.

Autonomia só para tirar direitos
A gestão do Hucam/Ebserh com consentimento da gestão da Reitoria/Ufes parece entender que autonomia é tomar decisões autoritárias. E não tomar decisões administrativas dialogando com as/os trabalhadoras/es.

No entendimento do Sintufes, tal qual a Ufes abre um falso diálogo para discutir sobre trabalho remoto, ensino remoto e planos de contingência e biossegurança, o Hucam/Ebserh vai na mesma linha.

Enfrentamento. O Sintufes vem discutindo já estratégias para fazer o enfrentamento dessa falta de diálogo e em breve de convocar a categoria para deliberar ações para lutar contra esse descaso.

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