A categoria dos técnico-administrativos em educação na Ufes aprovou a extensão do fundo de greve para os trabalhadores não sindicalizados. A decisão foi tomada pela assembleia dos TAEs, realizada nessa quinta-feira, 26, na tenda da greve, no campus de Goiabeiras da Ufes, em Vitória.
A maioria dos técnicos aprovou a proposta, que teve três abstenções e não contou com votos contrários.
Ação política
Engana-se quem acredita que a aprovação do fundo de greve para não sindicalizados tenha viés financeiro. A iniciativa parte para aglutinar o maior número de técnico-administrativos possível, haja vista a conjuntura desfavorável à classe trabalhadora.
Afinal são 46 dias de greve, e a categoria dos TAEs precisa se fortalecer cada vez mais para enfrentar os ataques e os descasos do governo. A representante do Comando Nacional de Greve da Fasubra, Janine Teixeira destacou que a cobrança do fundo de greve aos não sindicalizados visa o fortalecimento político, pois o autoritarismo de Brasília toma proporções ditatoriais.
Essa é uma ação política, e não burocrática. Nossa greve está num momento em que temos que nos unir ainda mais, aumentar cada vez mais a nossa força para lutar contra o governo Dilma, que representa o maior autoritarismo neste país desde a ditadura, argumentou.
Janine revelou para a assembleia o decreto presidencial nº 7777 de 24 de julho de 2012, que é uma apunhalada no movimento grevista.
Esse decreto permite que os trabalhadores federais em greve sejam substituídos por trabalhadores municipais ou estaduais. Isso é um golpe fatal na organização dos trabalhadores. Não é qualquer coisa. Nem Fernando Henrique ousou fazer uma coisa dessas, frisou.
Além do decreto, Janine apresentou uma planilha que confirma: “os TAE’s têm o menor salário do funcionalismo público federal”!
Patroa ignora TAEs
Além de não apresentar uma proposta que atenda as reivindicações dos professores (Andes recusa mais uma proposta do governo), o governo Dilma parece ignorar que as universidades têm técnico-administrativos em educação, bem como os hospitais universitários, e também os institutos federais (como o Ifes).
Isso, porque não há propostas para as bases da Fasubra e do Sinasefe, que representa professores e técnicos dos IFs. Sem falar que a imprensa vende as propostas governistas aos professores, como se fosse a solução para o fim da greve na educação.
Chegou a hora de mostrarmos que nós é que fazemos a educação neste País. O governo tem proposta para os professores, para os militares, mas não tem nada para gente. Temos que radicalizar, avaliou o membro do Comando Local de Greve (CLG) de Goiabeiras, José Magesk.
Consciência coletiva
Também membro do CLG de Goiabeiras, o técnico-administrativo Felipe Siqueira mostrou que a luta não é exclusividade do Sintufes, nem dos filiados e grevistas. Mas sim de todos os técnicos.
A greve não é do sindicato é da categoria. O ônus que é o fundo de greve pode gerar o bônus, que será a proposta que o governo vai apresentar em função da nossa luta, analisou.
Outro membro do CLG de Goiabeiras, Wellington Pereira fez uma lembrança de uma vitória dos grevistas que beneficiou a todos.
O último reajuste que tivemos foi em 2010. Esse reajuste e os de 2009 e 2008 só foram conquistados com a greve que fizemos em 2007. A capacitação por exemplo foi mais uma conquista de greve, e hoje ela beneficia a todos, mesmo os que furam a greve, lembrou.
É a prova de que greve dá resultados e de que esses resultados beneficiam toda a categoria. E se as conquistas são coletivas. Nada mais justo da luta também contar com a participação, a força e a consciência de toda coletividade.