Puxado pelo Fórum Capixaba em Defesa da Vida das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, protesto critica governos e empresários que querem flexibilizar atividades em meio às 70 mil vidas levadas pela covid-19
O Sintufes e outras entidades do Fórum Capixaba em Defesa da Vida das Trabalhadoras e Trabalhadores (FCDVT) realizaram ato, nesta sexta-feira, 10 de julho de 2020, em frente à sede da Fecomércio (Federação do Comércio), em Vitória.
Esta é mais uma atividade do Fórum de crítica à política de flexibilização, estimulada pelo presidente Bolsonaro e muitos empresários, que vem sendo seguida por governadores. Além de criticar o estímulo à reabertura do comércio, o protesto lembra que vidas importam e que não é momento de reabrir, mas sim de agir de acordo com a ciência e as orientações sanitárias para evitar a transmissão do vírus. A vida vale mais que o lucro! Chega de uma nação empilhando corpos!
A ação marca, aqui no Estado, o início da Jornada Nacional de Lutas pelo #ForaBolsonaro, #ForaMourão. O objetivo é preservar vidas e conter a disseminação do novo coronavírus (covid-19). Novos atos estão previstos até o final de julho. Sempre observando-se: o distanciamento físico, o uso de máscara e de outras cuidados fundamentais para reduzir o contágio do coronavírus.
Empilhando vidas
O ato contou 70 bonecos de pano, representando as 70 mil mortes pela covid-19 no Brasil (registrada ainda na primeira quinzena de julho). E teceu críticas aos governos, Bolsonaro e Casagrande, e aos empresários, já que governantes e patrões forçam a barra para flexibilizar atividades e reabrir o comércio.
No vídeo, o diretor do Sintufes Wellington Pereira e outro companheiro do Fórum representam o empresariado na atividade simbólica “empilhando corpos”. Afinal, com a flexibilização os números de casos e óbitos aumentaram. Cada boneco representa mil corpos.
NOTA DO FÓRUM: Clique aqui e leia o texto assinado pelo FCDVT “Empilhando Corpos e Destruindo o Nosso País! CHEGA! A Vida Vale Mais que o Lucro!”
Durante a performance, o coordenador Wellington reforçou o coro contra a pressão pela flexibilização, feita por governos e empresários: “trabalhadores que limpam este prédio pegam ônibus, vão se contaminar”, falou em uma das vezes que usou o microfone.
E isso é verdade. Vale lembrar que empresários pedem a reabertura do comércio nas redes sociais, em carreatas. O que é fácil. Difícil é ter empatia com o trabalhador que vai lotar o transporte coletivo, às 6h da manhã, para abrir o comércio para salvar a economia do patrão.
Questão racial é destaque
“Ser antirracista é ser contra as políticas de austeridade numa pandemia”, ensina o professor Silvio Almeida. Para ele, não dar para falar de democracia, de educação, de gênero sem fazer o recorte da questão racial.
No ato, a questão racial foi destacada.
A coordenadora-geral do Sintufes, Luar Santana, assinala: “os bonecos são negros simbolizando que no início da pandemia quem adoeceu foi a classe média alta, levando a doença a trabalhadoras/es, para periferia, para o povo preto”.
A pandemia tem atingido em larga escala o povo preto, as favelas, as comunidades indígenas e quilombolas.
‘Barracão’
Figura ilustre nos barracões do Carnaval capixaba, o coordenador do Sintufes Wellington Pereira tem em seu histórico de atuação política, “o uso da arte como transformação social”.
Criador de diversas performances ao longo dos anos de luta do Sintufes e da Fasubra, ele trabalhou na confecção dos bonecos usados no ato desta sexta-feira, 10. O ‘barracão’ dessa vez foi o auditório do Sindibancários (que também integra o Fórum), no Centro de Vitória.