A categoria segue firme e forte no enfrentamento dos desmandos da gestão da Ufes contra a jornada de 30 horas no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes. Um novo ato desta luta aconteceu nesta quinta-feira, 11, no campus de Maruípe, em Vitória. Foi o lançamento da campanha ‘Pelas 30 horas, doo meu sangue’, que será mais um instrumento de luta contra os ataques do ‘rei’ à jornada de 30 horas, em vigor há mais de 20 anos no Hucam.
Na parte da manhã, trabalhadoras/es fizeram panfletagem nas dependências do Hospital, conversando com populares sobre o enfrentamento dos ataques à jornada de 30 horas, que não gera prejuízos financeiros e nem no atendimento à população. Orientações sobre doação de sangue foram entregues. Além disso, trabalhadores que, por estararem dentro dos requisitos para fazer a doação, foram ao Hemoes (Hemocentro do Espírito Santo, ao lado do Hucam) doar sangue, fortalecendo o lema da campanha.
Foi o caso do auxiliar de farmácia do Hucam Dionísio Barreto dos Reis, que está no Hospital desde o final dos anos 1990.
“Pelas 30 horas, doei e doo meu sangue. Faço a escala 12/60 horas semanais há 20 anos no Hospital. Se perdermos isso, vamos perder qualidade de vida, vamos ter que fazer uma reprograamação total das nossas vidas, pois são duas décadas trabalhando nessa escala”, assinalou.
Ele, ainda, criticou a falta de diálogo por parte do reitor da Ufes. “Ele está fugindo de ouvir a categoria. Já fizemos pedidos de reuniões, mas ele fechou a porta para o diálogo. Toma decisões unilaterais, como se fosse o todo poderoso. E não é por falta de oportunidades de diálogo, tomando decisões na base da caneta, parecido com Michel Temer, que quer culpar os servidores públicos pelas mazelas do País, sem explicar quem de fato são os servidores privilegiados, pois estes não somos nós”, salientou.
Reunião. Após o ato, as/os trabalhadoras/es fizeram uma reunião com o servidor RJU cedido à Ebserh Vandré Toffoli, da divisão de gestão de pessoas da Empresa. No encontro, a categoria cobrou que a Ebserh deveria ter respondido (a uma matéria divulgada na imprensa) que a jornada de 30 horas estava gerando um prejuízo milionário ao Hospital. Para os TAEs, a Empresa não ter respondido vai ao encontro da falta de transparência que rondam a prestação de contas da própria Ebserh.
“Queremos que a gestão da Ebserh apresente onde estão os prejuízos? Diminuiu o atendimento? Queremos um levantamento transparente desses dados, vamos protocolar isso para o superintendente da Empresa e na Reitoria”, informou a coordenadora do Sintufes, Ana Hoffman.
As/os trabalhadoras/es ressaltaram, ainda, que a Empresa deveria levar em consideração o fato de o Hucam funcionar perfeitamente há décadas na jornada de 30 horas, que não é um privilégio para a saúde.
“Como a empresa não deu resposta a esse ato autoritário e monocrático do reitor que vai impactar na saúde mental de trabalhadoras/es que vão perder o direito às 30 horas? Que vai trazer prejuízos para a Empresa que está aqui dentro, em função das mudanças que devem acontecer. O reitor não está aqui dentro, não conhece a realidade. Ninguém está aqui brincando. Estamos trabalhando sério com colegas adoecendo em função de trabalhar num local de alta e média complexidade. Vocês não estão aqui para aceitar tudo, vocês são de gestão de pessoas e deveriam dar um retorno ao reitor sobre o que é o melhor para o hospital”, cobrou a coordenadora.
A categoria fez mais cobranças ao representante da Ebserh: ‘que seja suspensa a comissão (especial, instituída pelo reitor) para tirar a escala 12/60 horas de trabalhadores; e que a gestão da Ufes/Ebserh aguarde os trabalhadores do Hospital para que eles tenham tempo hábil para poder solicitar a jornada flexibilizada como acontece com setores de Goiabeiras, por exemplo, no qual o Conselho Universitário define pela adoção à Resolução 60/2013, que estabele a flebilização na Ufes’.
Ebserh
Toffoli, por sua vez, informou que vai levar as questões ao superintendente da Ebserh, Luiz Sobral. Em sua exposição, ele revelou que Sobral já tentou conversar com o reitor, que ele (Sobral) entende que caberia a flexibilização em vários lugares no hospital. Cobrou respostas, e não teve. Mas ele, Sobral, falou que o que vier (da Ufes/Progep) eles (Ebserh) teriam que cumprir. Toffoli, ainda, disse que solicitaram a prorrogação do prazo de trabalho da comissão especial (que é até fevereiro) para março e também manter a escala 12/60 horas com complementação. (O que não contempla as demandas da categoria).
Ao final da reunião, Toffoli disse: “Vamos colocar a questão para a superintendência, como uma provocação ao reitor, para não referendar o ad-referendum (do reitor que acaba com as 30 horas no Hospital)”.
Para o Sintufes, a Ebserh não deveria acatar a decisão ad referendum, sem ter um levantamento dos impactos que a mudança vai trazer no atendimento ao público. Além disso, o sindicato reforça que falta vontade política por parte do ‘rei’ em não acatar orientações de órgãos de controle externo, que não levam em consideração o fato do Hucam funcionar perfeitamente no regime de 30 horas.